A Secretaria de Turismo não foi criada.
O Conselho Municipal de Cultura não foi reavaliado.
O Conselho Municipal de Turismo não foi empossado. (Foi votado?)
A Vesperata continua dormindo.
A Comissão da Vesperata é uma caixinha de surpresas.
O Carnaval continua incomodando.
O Teatro uma incógnita.
O Festival de Inverno quase, como sempre, que vai para outro lugar.
As Instituições continuam investindo, sem retorno. (E podem ir embora)
A desinformação é geral.
A estagnação no Turismo e na Cultura um fato.
A FUNCARD está onde sempre esteve, no gabinete do Prefeito.
Um apartheid cultural está instalado.
Onde está o nó?
"Pela linguagem, que pode simular a sabedoria,
Pelo esquecimento, que anula ou modifica o passado,
Pelo costume,
Que nos repete e nos confirma como um espelho." (JL Borges)
Bernardo Magalhães
Abril 2010
quinta-feira, 15 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Era uma vez...
“Dentro deste contexto, o que se espera é que a gestão cultural local venha desempenhar um papel relevante, não se restringindo...
No sentido de alterar este panorama, principalmente o cenário sócio-político-cultural do Município, buscamos contribuir...
A tentativa de redirecionamento da economia da cidade para o Setor Turístico parece não perceber que a cultura não é gasto e sim investimento para o desenvolvimento local e humano...
Na contramão de várias políticas públicas, tem sido feita a opção pela “privatização” de espaços e práticas culturais coletivas, consolidando ainda mais a desigualdade de acesso aos bens culturais...
A complexidade da Cultura envolve práticas que, de uma só vez são: sociais, econômicas, políticas, ecológicas e semióticas...
Inventar uma forma de universalidade que não nega a multiplicidade das culturas...
A construção coletiva de um Plano Municipal de Cultura requer a utilização de metodologias participativas, de diagnóstico e planejamento...
O roteiro para a elaboração do PMC deverá ser pactuado...
Para que o Conselho Municipal de Cultura seja um instrumento eficiente de gestão e controle social...
A Secretaria de Cultura deverá assumir competências, prioritariamente, político-estratégicas...
A idéia de redes e consórcios municipais de cultura poderá ser exercitada...
O princípio da intersetorialidade deverá configurar uma nova forma de administrar a cultura...
Condizente com as dimensões simbólica, cidadã e econômica da cultura, assim como, o almejado resultado final de consolidação de políticas públicas...
Aproveitando a interface...”
...um pinto freguês. Quer que eu conte outra vez?
Bernardo Magalhães
Abril/2010
No sentido de alterar este panorama, principalmente o cenário sócio-político-cultural do Município, buscamos contribuir...
A tentativa de redirecionamento da economia da cidade para o Setor Turístico parece não perceber que a cultura não é gasto e sim investimento para o desenvolvimento local e humano...
Na contramão de várias políticas públicas, tem sido feita a opção pela “privatização” de espaços e práticas culturais coletivas, consolidando ainda mais a desigualdade de acesso aos bens culturais...
A complexidade da Cultura envolve práticas que, de uma só vez são: sociais, econômicas, políticas, ecológicas e semióticas...
Inventar uma forma de universalidade que não nega a multiplicidade das culturas...
A construção coletiva de um Plano Municipal de Cultura requer a utilização de metodologias participativas, de diagnóstico e planejamento...
O roteiro para a elaboração do PMC deverá ser pactuado...
Para que o Conselho Municipal de Cultura seja um instrumento eficiente de gestão e controle social...
A Secretaria de Cultura deverá assumir competências, prioritariamente, político-estratégicas...
A idéia de redes e consórcios municipais de cultura poderá ser exercitada...
O princípio da intersetorialidade deverá configurar uma nova forma de administrar a cultura...
Condizente com as dimensões simbólica, cidadã e econômica da cultura, assim como, o almejado resultado final de consolidação de políticas públicas...
Aproveitando a interface...”
...um pinto freguês. Quer que eu conte outra vez?
Bernardo Magalhães
Abril/2010
segunda-feira, 5 de abril de 2010
O Turismo Aprendiz
Já na Roma antiga os turistas afluíam para ver os gladiadores no Coliseu: turismo de massa?
Nós podemos imaginar que pelos idos de 1785 Paris e Roma já atraiam visitantes, seja pela Igreja Católica de um lado, seja pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade de outro.
Pela mesma época a Coroa Portuguesa impedia, com todas as barreiras impostas, que turistas viessem à região do Distrito Diamantino.
Podemos considerar que foram Spix e Martius, que aqui estiveram em 1817/18,os nossos primeiros turistas. A viagem que o Duque de Saxe e seu Irmão D. Luis Felipe fizeram pela província de Minas Gerais em 1868, nos deixou os primeiros registros fotográficos de Diamantina. Sim, turismo exploratório, científico, de negócios, de prazer.
Em 1924 um grupo de intelectuais paulistas ligado à Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922 em São Paulo, fez uma histórica viagem às cidades coloniais mineiras: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta franco-suíço Blaise Cendrars: Turismo cultural e histórico como matéria-prima e objeto de reflexão para a Arte Moderna.
Lúcio Costa, também em 1924, em sua viagem a Diamantina, cunhou a expressão “o chão que continua” para definir a arquitetura da cidade. Esta viagem mudou o rumo da arquitetura no Brasil.
Em 27/29 Mario de Andrade viaja pelo Norte e Nordeste do Brasil publicando anos depois o clássico “O Turista aprendiz”. Na viajem ele se encanta com a fotografia e realiza pesquisa etnográfica, musical, folclórica, etc. Turismo multidisciplinar.
Pela distância tudo aconteceu mais devagar em nossa cidade: em 1910 a inauguração da rede elétrica, em 14 o Ramal Ferroviário Curralinho-Diamantina estava inaugurado, telefone automático somente em 1952, e a estrada de asfalto só foi inaugurada em 1968!!!
“O Roteiro Turístico de Diamantina”, de Almir Neves Pereira da Silva, de 1957, indica a existência de 15 estabelecimentos de hospedagem (hotéis e pensões), com 176 aposentos. Entre eles: Hotel de Turismo (Tijuco), Esplanada e Grande Hotel. O Hotel Tijuco foi uma obra de JK então governador do Estado. O Homem já previa o destino da cidade?
Lúcia Machado de Almeida e Guignard aqui estiveram e publicaram “Passeio em Diamantina” em 1960: uma aula de cultura e civilidade.
Diamantina vivia um bom momento com a Ferrovia, os órgãos federais e estaduais que Juscelino trouxe para cá, DER, INSS, Universidade.
O Turismo era de negócio, de formatura, do Carnaval, que ainda era um atrativo local e dos diamantinenses ausentes, e das festas religiosas: Divino, Semana Santa e Rosário.
Nos anos 70: anos de chumbo: fim da Ferrovia, fechamento do INSS, dos Correios, a prisão de JK. Nos ano 80 o boom do garimpo e a chegada do Festival de Inverno da UFMG: 83/84, Diamantina começava a atrair turistas com um interesse cultural.
A Atividade Turística, com um viés um pouco mais profissional, começou mesmo com o titulo da UNESCO em 1999, através da fundação da Adeltur e a instituição da Vesperata como produto turístico oficial e talvez símbolo do título conquistado.
O nosso problema está justamente aí, pois a Vesperata de certa maneira cegou os dirigentes tanto da iniciativa privada como do poder publico. Talvez porque deu muito certo, (com 15 apresentações anuais!), eles não se preocuparam em desenvolver outros produtos, em incentivar outras manifestações culturais, em profissionalização.
Chegamos ao cúmulo da Vesperata ser vendida para uma empresa de Belo Horizonte que ditava os preços das hospedagens e dos restaurantes! Além disso, essa empresa criou o seu próprio espetáculo utilizando a Banda Mirim, na Gruta do Salitre, que o poder público não conseguiu realizar!
Fecharam-se em si mesmos, não se preocuparam em criar estruturas profissionais nem dentro da Associação nem na Sectur.
A Vesperata não é um evento de massa como o Carnaval. È sofisticado, ricamente musical, historicamente embasado, que exige da platéia um comprometimento. Merece um tratamento especial, uma direção artística profissional, uma administração transparente nas vendas das mesas, no trato da coisa pública, etc.
Dia 27 começa a estação das Vesperatas. A Sectur parece amordaçada, sem forças para mudar o que deve ser mudado, sem projetos para o Turismo, nem o COMTUR conseguiu formalizar.
O principal e único Produto Turístico da cidade está à deriva, minguando em suas qualidades musicais, nivelando por baixo o público interessado. O Ministério Público já foi acionado e deu prazo para o Executivo tomar suas decisões quanto a relação Adeltur/Sectur. A Associação não representa ninguém, só o grupo que detém as mesas.
A atividade turística exige da sociedade civil Associações de classe fortes, dos hoteleiros, dos restaurantes, dos guias, um COMTUR sendo a voz da multiplicidade de interesses do turismo na cidade.
O Turismo Cultural pode ser potencializado através do Teatro Santa Isabel, que vai ser brevemente inaugurado, mas continua sem projetos sem uma discussão com o meio artístico local.
O potencial no Eco turismo é enorme, a Trilha da Maria Fumaça está aí, os Parques nos arredores, o Teatro Santa Isabel, que pode potencializar a cultura local de uma maneira extraordinária e que continua sem projeto ou ao menos sem discussão com o meio artístico local.
O potencial no Eco turismo é enorme, a Trilha da Maria Fumaça está aí, os Parques nos arredores, as trilhas pelas Serra do Espinhaço, etc.
São DECISÕES POLÍTICAS que devem ser tomadas: investimentos na profissionalização da Sectur, na definição das estratégias de divulgação e marketing, na infra-estrutura de tráfego, na iluminação dos monumentos, no apoio aos projetos da iniciativa privada como o tombamento da Gruta do Salitre para realização de um grande evento.
Somos aprendizes, mas não podemos deixar o Turismo em Diamantina ser decido entre as quatro paredes da Sectur, sem o Conselho Municipal de Turismo que a supervisione, ou da Adeltur, sem representatividade.
Da mesma maneira que o desenvolvimento de um Turismo Cultural não pode prescindir de um Conselho Municipal de Cultura com representação das diversas linguagens artísticas.
Bernardo Magalhães
Diamantina /Março 2010
Nós podemos imaginar que pelos idos de 1785 Paris e Roma já atraiam visitantes, seja pela Igreja Católica de um lado, seja pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade de outro.
Pela mesma época a Coroa Portuguesa impedia, com todas as barreiras impostas, que turistas viessem à região do Distrito Diamantino.
Podemos considerar que foram Spix e Martius, que aqui estiveram em 1817/18,os nossos primeiros turistas. A viagem que o Duque de Saxe e seu Irmão D. Luis Felipe fizeram pela província de Minas Gerais em 1868, nos deixou os primeiros registros fotográficos de Diamantina. Sim, turismo exploratório, científico, de negócios, de prazer.
Em 1924 um grupo de intelectuais paulistas ligado à Semana de Arte Moderna, que aconteceu em 1922 em São Paulo, fez uma histórica viagem às cidades coloniais mineiras: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e o poeta franco-suíço Blaise Cendrars: Turismo cultural e histórico como matéria-prima e objeto de reflexão para a Arte Moderna.
Lúcio Costa, também em 1924, em sua viagem a Diamantina, cunhou a expressão “o chão que continua” para definir a arquitetura da cidade. Esta viagem mudou o rumo da arquitetura no Brasil.
Em 27/29 Mario de Andrade viaja pelo Norte e Nordeste do Brasil publicando anos depois o clássico “O Turista aprendiz”. Na viajem ele se encanta com a fotografia e realiza pesquisa etnográfica, musical, folclórica, etc. Turismo multidisciplinar.
Pela distância tudo aconteceu mais devagar em nossa cidade: em 1910 a inauguração da rede elétrica, em 14 o Ramal Ferroviário Curralinho-Diamantina estava inaugurado, telefone automático somente em 1952, e a estrada de asfalto só foi inaugurada em 1968!!!
“O Roteiro Turístico de Diamantina”, de Almir Neves Pereira da Silva, de 1957, indica a existência de 15 estabelecimentos de hospedagem (hotéis e pensões), com 176 aposentos. Entre eles: Hotel de Turismo (Tijuco), Esplanada e Grande Hotel. O Hotel Tijuco foi uma obra de JK então governador do Estado. O Homem já previa o destino da cidade?
Lúcia Machado de Almeida e Guignard aqui estiveram e publicaram “Passeio em Diamantina” em 1960: uma aula de cultura e civilidade.
Diamantina vivia um bom momento com a Ferrovia, os órgãos federais e estaduais que Juscelino trouxe para cá, DER, INSS, Universidade.
O Turismo era de negócio, de formatura, do Carnaval, que ainda era um atrativo local e dos diamantinenses ausentes, e das festas religiosas: Divino, Semana Santa e Rosário.
Nos anos 70: anos de chumbo: fim da Ferrovia, fechamento do INSS, dos Correios, a prisão de JK. Nos ano 80 o boom do garimpo e a chegada do Festival de Inverno da UFMG: 83/84, Diamantina começava a atrair turistas com um interesse cultural.
A Atividade Turística, com um viés um pouco mais profissional, começou mesmo com o titulo da UNESCO em 1999, através da fundação da Adeltur e a instituição da Vesperata como produto turístico oficial e talvez símbolo do título conquistado.
O nosso problema está justamente aí, pois a Vesperata de certa maneira cegou os dirigentes tanto da iniciativa privada como do poder publico. Talvez porque deu muito certo, (com 15 apresentações anuais!), eles não se preocuparam em desenvolver outros produtos, em incentivar outras manifestações culturais, em profissionalização.
Chegamos ao cúmulo da Vesperata ser vendida para uma empresa de Belo Horizonte que ditava os preços das hospedagens e dos restaurantes! Além disso, essa empresa criou o seu próprio espetáculo utilizando a Banda Mirim, na Gruta do Salitre, que o poder público não conseguiu realizar!
Fecharam-se em si mesmos, não se preocuparam em criar estruturas profissionais nem dentro da Associação nem na Sectur.
A Vesperata não é um evento de massa como o Carnaval. È sofisticado, ricamente musical, historicamente embasado, que exige da platéia um comprometimento. Merece um tratamento especial, uma direção artística profissional, uma administração transparente nas vendas das mesas, no trato da coisa pública, etc.
Dia 27 começa a estação das Vesperatas. A Sectur parece amordaçada, sem forças para mudar o que deve ser mudado, sem projetos para o Turismo, nem o COMTUR conseguiu formalizar.
O principal e único Produto Turístico da cidade está à deriva, minguando em suas qualidades musicais, nivelando por baixo o público interessado. O Ministério Público já foi acionado e deu prazo para o Executivo tomar suas decisões quanto a relação Adeltur/Sectur. A Associação não representa ninguém, só o grupo que detém as mesas.
A atividade turística exige da sociedade civil Associações de classe fortes, dos hoteleiros, dos restaurantes, dos guias, um COMTUR sendo a voz da multiplicidade de interesses do turismo na cidade.
O Turismo Cultural pode ser potencializado através do Teatro Santa Isabel, que vai ser brevemente inaugurado, mas continua sem projetos sem uma discussão com o meio artístico local.
O potencial no Eco turismo é enorme, a Trilha da Maria Fumaça está aí, os Parques nos arredores, o Teatro Santa Isabel, que pode potencializar a cultura local de uma maneira extraordinária e que continua sem projeto ou ao menos sem discussão com o meio artístico local.
O potencial no Eco turismo é enorme, a Trilha da Maria Fumaça está aí, os Parques nos arredores, as trilhas pelas Serra do Espinhaço, etc.
São DECISÕES POLÍTICAS que devem ser tomadas: investimentos na profissionalização da Sectur, na definição das estratégias de divulgação e marketing, na infra-estrutura de tráfego, na iluminação dos monumentos, no apoio aos projetos da iniciativa privada como o tombamento da Gruta do Salitre para realização de um grande evento.
Somos aprendizes, mas não podemos deixar o Turismo em Diamantina ser decido entre as quatro paredes da Sectur, sem o Conselho Municipal de Turismo que a supervisione, ou da Adeltur, sem representatividade.
Da mesma maneira que o desenvolvimento de um Turismo Cultural não pode prescindir de um Conselho Municipal de Cultura com representação das diversas linguagens artísticas.
Bernardo Magalhães
Diamantina /Março 2010
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