sexta-feira, 30 de março de 2007

Chichico Alkmim no MASP?









"Freira"
Chichico Alkmim, 19...
Ref: http://br.geocities.com/minasminas2001/


No ano passado fui convidado pela Anna Carboncini,
coordenadora da Coleção Pirelli MASP de Fotografias,
para pesquisar o trabalho realizado pelo
fotógrafo Luciano Carneiro para a revista “O Cruzeiro”.
Ele foi um dos seus principais fotógrafos e documentou os cinco continentes:
da Guerra da Coréia ao primeiro baile de debutantes de Brasília.
O Acervo está no arquivo do jornal “Estado de Minas” em Belo Horizonte.

Agora em 2007, entreguei para a Anna o livro do fotógrafo Chichico Alkmim
que o Bernardo Magalhães me presenteou. Ela gostou muito.
Talvez algumas de suas fotos possam fazer parte da Coleção Pirelli Masp de Fotografias.
É esperar para ver.

Estou trabalhando, nestes dias, na publicação de um livro
sobre o fotógrafo Germano Graeser que trabalhou junto com Mário de Andrade
no IPHAN de SP, documentando os prédios tombados pelo patrimônio.
O livro vai fazer parte das comemorações dos 70 anos do IPHAN.

Juvenal Pereira - fotógrafo
São Paulo

terça-feira, 27 de março de 2007

Fotografia e Diamantina

A Historia da Fotografia no Brasil passa por Diamantina.
















"Rua Direita da Diamantina" Provincia de Minas Gerais, 1868.
Fotografia de Augusto Riedel. Coleção Biblioteca Nacional.

Augusto Riedel em 1868 fotografou a cidade e região quando fazia parte da comitiva do Duque de Saxe, casado com a princesa Leopoldina, filha do Imperador D Pedro II.



















"Árvore (Igreja do Rosário)"
Chichico Alkmim 19...
http://br.geocities.com/minasminas2001/

No início do século XIX, os irmãos Passig vindos de São Paulo e Francisco Manoel da Veiga foram os mestres do Mestre Chichico Alkmim que foi mestre do grande Assis Horta, fotógrafo de SPHAN, nos anos 30/40.



















"Ruínas da cadeia"
Jorge Vasconcelos, 2005

Entre outros fotógrafos atuantes na cidade,
Jorge Vasconcelos desenvolve um trabalho pessoal, delicado, de pesquisa.

Usando uma câmera de plástico com poucos recursos, ele apresentou ano passado,
na Galeria Maria do também fotógrafo
Eustáquio Neves ( pena que o espaço, que ficava na Praça da Carvalhada, não conseguiu fôlego), uma série intitulada: Visão Plástica. Beleza e Descaso.

Além da beleza das imagens ele coloca, bem explicitamente, sua relação de habitante e observador cuidadoso da cidade: são fortes, diria masculinas, essas fotografias.

Amor por Diamantina, cidade que escolheu para morar;
desgosto pelo estado do patrimônio, público ou privado:
beleza e descaso.

Bernardo Magalhães

segunda-feira, 19 de março de 2007

O Diamante de Diamantina

Prospecção no Rio Jequitinhonha, foto de Christian Spangler, 19..



O DIAMANTE DE DIAMANTINA

José Efigênio Pinto Coelho (Filósofo e Artista Plástico)

A cidade de Diamantina está num planalto formado de quartzito onde se forma a bacia do rio Jequitinhonha. Desta vez cheguei a esta linda e clara cidade vindo pelo caminho do Serro Frio. Por esta rota se chega a Diamantina por cima, contorna a serra, e sai na parte baixa. Uma visão bem diferente de quem vem pelo asfalto passando por Curvelo. É um percurso antigo e mostra o quanto esta chapada é árida com uma natureza exuberante onde os vegetais brotam nas rochas duras e nuas. Neste ambiente passa em grande velocidade o rio Jequitinhonha, ou o rio Dos Diamantes. Antes de chegar à cidade de Diamantina, o rio Jequitinhonha se mostra numa estreita garganta que o homem aproveitou para atravessar, fazendo uma harmoniosa ponte de onde se pode admirar o fino gosto daqueles que escolheram esta região para viver.

Esta viagem fiz de carro, o que torna a viagem mais prazerosa. Ainda no caminho perto de Diamantina observei que a região era muito diferente da minha. Sou de Ouro Preto, onde as minas de ouro furaram todo o subsolo, deixando suas marcas até hoje. Porém, aqui era diferente. Nada de minas, nada de buraco. Somente montanhas de rochas nuas com seus arbustos resistentes ao tempo.
Em Diamantina a mesma coisa, nada de mina de diamante. A cidade está plantada em cima da rocha e, do seu centro, pode-se avistar a Serra do Galheiro que muito embeleza a paisagem. Passados uns dias que tirei para pintar um quadro, bateu a curiosidade de aventureiros e fui conhecer uma extração de diamantes num povoado depois de Mendanha. A paisagem é linda, típica, rochas nuas e vegetais que saem da pedra, flores raras e belas, às vezes, areia branca com um filete de água límpida. As árvores tortas e vegetais de pouca altura. Depois de muito andar por uma estrada precária, cheguei a um povoado perdido nesta imensa chapada. Uma praça grande, com uma igreja num dos lados cercada de casas, formando um retângulo. Os pais do nosso guia moravam aí. Pedimos autorização para visitar a mina, e continuamos a viagem até deparar com um rio maravilhoso de águas transparentes com praias de areia branca, num vale de vegetação exuberante.

Era uma antiga fazenda, ainda tem umas cabeças de gado. Numa região que chamamos de tabuleiro, onde o rio corre num plano, existe uma extração de diamantes. Neste dia, ela estava parada, mas podíamos ver o maquinário e, principalmente, as montanhas de cascalhos que se tiram do leito do rio ou das suas margens. Esta mineração é típica da região. Extrai-se o diamante que foi levado por uma lixiviação, e as camadas de sedimentação de areia com cascalho não são muito profundas. Portanto, mais uma vez, nada de mina como as de ouro que conheço.
A teoria da formação de diamantes é que ele é formado de carbono, no centro da terra sob uma temperatura elevada e uma enorme pressão, que depois ele é expelido para a superfície junto com as lavas efervescentes dos vulcões. Em Diamantina as rochas são metamórficas e se teve vulcão nada comprova. A Serra do Espinhaço que atravessa a região de Minas Gerais indo em direção a Bahia, tem as mesmas características, uma constância de quartzito.

As notícias que se contam na região sobre o diamante são interessantes. As pessoas apanhavam os cristais em pedaços na flor da terra. Saíam catando e enchendo os balaios nos lombos dos burros. Como se fossem pés de alface. Só mais tarde começaram as catas nos leitos dos rios. Esta maneira de apanhar diamantes é muito estranha, principalmente, se ele tem a sua formação no interior da terra. Alguma coisa não batia bem. Os estudos geológicos que prevalecem são do séc. XIX, muita coisa mudou, mas as teorias antigas ainda imperam.

Uma coisa é certa, a origem dos diamantes de Diamantina, não é do fundo da terra, e muito menos, fruto de vulcões. Eles chegaram lá, caindo do céu. Uma estrela ou um meteoro entrou na terra e se esparramou em Diamantina e em toda a região. Só assim pode se explicar como aconteceu com este mineral que ficou na superfície da terra, sem uma causa aparente. Se olharmos para os diamantes de Diamantina com um olhar de astrônomo e não de geólogo, fica muito mais clara esta evidência. Para refrescar a memória vou descrever a notícia que saiu no dia 16 de fevereiro de 2004 na “BBC BRASIL.com”
“Astrônomos descobriram que cintila no céu uma estrela feita de diamantes, com 10 quintilhões de quilates. O diamante cósmico é um corpo de carbono cristalizado, de 1,5 quilômetro de diâmetro, a cerca de 50 anos-luz de distância da terra, na constelação de Centaurus. Ele seria o núcleo comprimido de uma velha estrela que um dia brilhou tanto quanto o nosso sol, mas depois apagou-se e encolheu.
Os astrônomos decidiram batizar a estrela de Lucy, em homenagem à música dos Beatles Lucy in the Sky with Diamonds.

Tecnicamente conhecida como BPM 37093, a estrela é uma anã branca cristalizada.Uma anã branca de núcleo de uma estrela morta, a sobra depois que o combustível nuclear dela é utilizado. A anã gigante não é apenas radiante, mas também soa como se fosse um gongo gigante, emitindo pulsações constantes. Diz o astrônomo Travis Metcalfe do Centro para Astrofísicas de Harvard-Smithsonian, que comandou as pesquisas.”

Por que não? Os diamantes de Diamantina têm sua origem numa estrela anã que caiu na terra e se espatifou espalhando diamante por toda a região. É muito mais provável que a teoria dos vulcões. Com a descoberta da estrela BPM 37093 fica muito evidente que o universo se mostra muito diferente do que se propôs a geologia, que está muito mais próxima da Bíblia para explicar a formação da terra. O universo é incomensuravelmente desconhecido. Por isso um pingo é mais que uma letra e, muita coisa pode nos dizer. Se o diamante de Diamantina e região era um mistério, fica claro ser ele uma estrela anã que caiu na terra no período que se pode ainda caracterizar com as evidências das sedimentações das rochas que compõem as margens dos rios.
E vou mais além, se pegarmos o mapa-mundi, olharmos a localização de Diamantina e seguir a sua linha paralela, vamos ter na mesma latitude sul, entre 10 e 20 graus, a região africana onde são encontrados os diamantes. Estes são extraídos em buracos muna região de sedimentação, diferente de Diamantina, porque o solo, sendo mais macio, os fez afundar. E seguindo a mesma linha paralela, vamos chegar em Kimberley na Austrália onde também se encontram os diamantes. Portanto, seguindo o meu raciocínio, uma estrela anã do tipo a BPM 37093 chocou com a terra neste paralelo e foi despejando diamantes, enquanto a terra fazia o movimento de rotação.
Pode ser que encontremos diamantes em outras partes do Planeta que tenham origem vulcânica, como também podem existir em outros locais, diamantes extra terrenos.


Ouro Preto,14 de junho de 2005

(Texto enviado por Anibal Freire)

sexta-feira, 16 de março de 2007

Lucio Costa, Diamantina e o Modernismo


Passadiço da Rua da Glória, aquarela de Lúcio Costa, 1924


Lúcio Costa não introduziu o modernismo no Brasil, mas foi o principal condutor do amadurecimento da arquitetura moderna brasileira. E fez isso com a discrição de um erudito que, no percurso da história, ora acelera e, anos depois, pisa no freio, em movimento pendular entre o passado e o futuro.

(texto e aquarela enviados por Bya Betelli)

quinta-feira, 15 de março de 2007

Lucio Costa e Diamantina

Interior da Igreja do Carmo, aquarela, 1924


Passo a palavra ao próprio Lucio, descrevendo esse encontro com Diamantina:

"Lá chegando, cai em cheio no passado, no seu sentido mais despojado, mais puro; um passado que era novo em folha para mim. Foi uma revelação: casas, igrejas, pousada dos tropeiros (...)
A janela do meu quarto, no Hotel Roberto, dava para a rua (...).
Um piano distante tocava quando desci e me pus a caminhar pelas capistranas, trilha de lajes maiores no meio das ruas empedradas: no alto de uma ladeira os dois sobrados do colégio de freiras ligados por um elegante passadiço; num largo fronteiro a uma igreja o típico cruzeiro de madeira guarnecido dos símbolos do martírio, com uma figueira enroscada, nascida do seu pé. Depois a fachada da casa de Chica da Silva, a famosa amante do contratador, resguardada por extenso muxarabi, e, defronte, a capela do Carmo, construída para ela, cuja chave o sacristão Zacarias - com sua bonita mulher de pés no chão - me confiara para que ficasse à vontade, na solidão da igreja fechada, pintando uma aquarela do seu lindissimo interior.

No último dia, já tarde, subi ao campanário para me despedir da cidade e lá fiquei, olhando os telhados, até escurecer".

Lucio Costa
Diamantina 1924

quarta-feira, 14 de março de 2007

Dia Nacional da Poesia

Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 12 de março de 2007

Comentário sobre o texto "O carnaval neo-colonial de Diamantina"

Vi Diamantina em várias situações.
No carnaval ela é uma prostituta que tudo aceita e dá.
Magistrados travestem, o sapo fica seco querendo molhar na perereca. Jovens adultos dão tapas na pantera, garotas lindas procuram gatos e caçam.
Cachaças de origem controlada.
Alí, no carnaval, tudo é permitido porque traz muito dinheiro.
Mas como em toda transa depois do gozo vem o cheiro de sêmem ou a urina nas capistranas.

Xica da silva pirou o contratador
Vivam todos os vícios e virtudes.
Viva eu e viva tu, viva o rabo do tatu.

Juvenal Pereira
Fotógrafo

10 de Março de 2007 21:26

sábado, 10 de março de 2007

Teatro Santa Isabel

A Cadeia Velha vai virar teatro.
Foi Teatro Santa Isabel, virou cadeia, agora ( está prometido para setembro) vai se chamar Cine Café Teatro, ou coisa parecida...

Porque será que o belo nome antigo não volta? Não importa.

O que é decisivo é o que fazer com esta importante máquina cultural: um espaço onde vamos ter além do teatro, salas de exposições, salas multiuso, café, e toda a infraestrutura.

Ficam aqui as perguntas: quem vai administrar, qual o projeto a se desenvolver, com que dinheiro?

Temos de pensar rápido, lançar uma proposta, porque senão vai ficar inoperante ou cair em mãos suspeitas.

Bernardo

sexta-feira, 9 de março de 2007

Igreja de São Francisco


A Igreja de São Francisco antes da reforma.
Fotografia Pin-hole de Bernardo Magalhães.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Igreja do Bonfim


O cubismo barroco, numa fotografia pin-hole de Bernardo Magalhães.

O Carnaval neo-colonial de Diamantina

Num estridente ritmo, tecno-funk-samba-trash-bartucada-nada, a cidade ficou entregue à horda invasora. Bárbaros a procura do desbunde alienante. Essa cultura de massa do século XXI, como os seiscentista, do século XVII, a procura dos diamantes: um novo colonialismo, depredador, insano. Ou mesmo dos mil e quinhentos, cortando nossas árvores, derrubando nossa Mata Atlântica.

Ocupam as residências, às dezenas, centenas. Onde mora uma família de 3 ou 5, ficam 20, 30... Chegam mesmo a acampar nas ruas, nos carros, ônibus, invadem os bens públicos, as praças, com suas churrasqueiras, seus colchonetes imundos, quebram as garrafas de vodka, mijam em todas as esquinas. Saem aos berros, alucinados de tanta liberdade, como os portugueses vendo a indiaida nua. Em cada janela, porta, vitrine, uma caixa de som vomitando, ensurdecedoramente. Abusam e não deixam nada.

Sim, restou a depressão da quarta feira: impressionante, de Cinzas. Não era a ressaca, corajosa, era o sentimento de um mal inevitável, como a morte do garoto no Rio de Janeiro. A cidade estava de luto, as pessoas de pêsames por elas mesmas. Diamantina estava morta, de vergonha, de medo.

Uma cidade, (quase disse Arraial do Tejuco), usada e abandonada. Pelas capistranas uma massa informe exala um odor de putrefação que empesta as narinas. E as pessoas começam a lavar as calçadas, as casas, as paredes, como para se livrar da peste. Caminhões tentam lavar as ruas, e o cheiro continua, a chuva não veio... O sentimento de impotência nos oprime, durante e depois da porcalhada. E depois? Não há depois, não se vai nunca questionar nada, a vida continua. Contam-se as migalhas dos reais.

A Raiz ficou à margem. Como na colônia, os blocos passaram ao largo, quase escondidos, pequenos, orgulhosos da tradição, mas cada vez mais excluídos. Resistem à ocupação do neo-colonialismo cultural. O imaginário perdeu-se no trash. A manifestação autentica do povo, nas máscaras, fantasias, alegorias-críticas, brincadeiras irreverentes, engolida pelo lixo.
As poucas verbas, a corte no palco leva tudo, como os diamantes que se foram.

A cidade sensual, do prazer, que encantou os Modernistas é confundida com o nonsense, a procura do prazer rápido, passageiro, e o lucro fácil.

“Os nascidos em Diamantina têm todas as virtudes do mineiro, uma por uma, mas não os defeitos, já que descobriram uma coisa chamada alegria de viver.” “A mais alegre de tuas cidades…, a Diamantina que explica Juscelino, … a alma meio louca e meio menina de Diamantina.", diz Pedro Nava.

Sim, a cidade meio louca, de alegria, de brincadeiras, de porre.

Mas não esquecer, jamais, “ a fina palavra diamantina...” (assim em minúsculo), porque fina é a cidade Diamantina, como bem colocou Drummond em um de seus poemas.

Em 1924, Lucio Costa, aqui, percebeu a “saúde plástica perfeita” em que colonial e moderno se articulam: arquitetura “como o chão que continua”, e com isso deu o salto da modernidade na arquitetura no Brasil. Ele enterrou o neo-colonial na arquitetura.

Queremos agora enterrar esse neo-colonialismo cultural que nos deprime.


Diamantina fevereiro 2007
Robson Dayrell
Bernardo Magalhães

...a fina palavra diamantina...

O título “...a fina palavra diamantina...” é um verso de Carlos Drummond de Andrade, de uma leveza sublime, minúscula.

Assim, para pensar sobre a fina Diamantina, eu e Robson Dayrell criamos esse espaço virtual, no dia 7 de março de 2007, um blog, como uma maneira de impulsionar a reflexão do se fazer cultura na cidade. Sugestões, dicas, eventos, propostas, fotos, desenhos, sons, textos são bem-vindos, via email: bemaga@jknet.com.br . Os comentários postados diretamente no blog serão publicados.